domingo, 13 de setembro de 2015

Retrocesso: Câmara mantém doação de empresas a partidos e restringe atuação do PSOL nas eleições

Retrocesso: Câmara mantém doação de empresas a partidos e restringe atuação do PSOL nas eleições
Proposta determina que poderão participar dos debates eleitorais somente os candidatos cujo partido tenha mais de nove representantes na Câmara. Tempo de TV também foi reduzido consideravelmente

fonte: http://www.psol50.org.br

Do PSOL Nacional, Leonor Costa
 
O plenário da Câmara dos Deputados foi palco, na noite desta quarta-feira (09), de mais uma iniciativa que beneficia os setores no parlamento que querem menos democracia e mais privilégios econômicos na forma de fazer política no Brasil. Sob a liderança do presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e seus aliados, os deputados aprovaram a chamada minirreforma eleitoral e mantiveram a doação de empresas a partidos políticos, mantendo o texto do Senado em relação ao percentual para as campanhas a candidaturas proporcionais. O relatório do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) muda as leis de partidos políticos (9.096/95) e das eleições (9.504/97) e o Código Eleitoral (4.737/65), alterando vários itens, como tempo gratuito de rádio e TV, prazo de campanha, prestação de contas e quantidade de candidatos, por exemplo. Saiba mais sobre o texto aprovado.

Por impedir a participação do PSOL nos debates eleitorais e diminuir consideravelmente o seu tempo de propaganda política na TV, a proposta aprovada é uma verdadeira “Lei da Mordaça”. Pelo texto, só poderão participar dos debates os candidatos de partidos que tiverem mais de nove representantes na Câmara dos Deputados.

Em relação à propaganda no rádio e na TV, o projeto redistribui o tempo entre os partidos, de uma forma que restringe, ainda mais, a participação das legendas menores. Do total, 90% serão rateados proporcionalmente ao número de representantes na Câmara dos Deputados e outros 10% distribuídos igualitariamente. Grosso modo, aumenta de cerca de 88% para 90% o tempo daqueles com representação e diminui de 11% para 10% o tempo da distribuição igualitária. O plenário manteve o texto da Câmara quanto ao tempo para eleições majoritárias, que limita a distribuição proporcionalmente ao tempo conseguido com as seis maiores bancadas dessa coligação. Nas eleições proporcionais, a distribuição de 90% do tempo valerá para a soma de todas as bancadas na Câmara dos Deputados. O PSOL, por exemplo, terá sua propaganda eleitoral limitada a cerca de dez segundos por programa.

O resultado da votação de ontem mostra que, mesmo com grandes mobilizações dos movimentos sociais pela aprovação de uma Reforma Política que limitasse a influência do poder econômico e democratizasse o processo eleitoral, a Câmara marchou para o lado inverso.

O presidente nacional do PSOL, Luiz Araújo, considera que a votação trouxe uma certeza para o país. “A elite não quer correr riscos de que surjam outros atores sociais no jogo político. E o PSOL tem ocupado um importante espaço político. Nossa bancada faz uma qualificada oposição programática ao governo e à velha direita”, ressaltou.

Araújo lembra que na eleição de 2014 e nas últimas municipais, a contragosto das grandes emissoras e das elites, os candidatos do PSOL “trataram de temas proibidos, defenderam bandeiras que somente o PSOL continua tendo coragem para erguer”. E, segundo ele, essa minirreforma política aprovada na Câmara quer impedir que o PSOL cresça e se consolide.

“Caso a presidenta Dilma sancione esta lei da mordaça, nossos candidatos e nossas candidatas estarão excluídas dos debates eleitorais, nosso tempo na propaganda eleitoral será reduzido e a elites poderão continuar financiando abertamente o seu projeto. Tentaremos pressionar a presidenta Dilma para vetar a lei da mordaça e isto deverá envolver forte mobilização de toda a militância do partido e da esquerda”, explica Luiz Araújo, em artigo divulgado logo após o resultado da votação na Câmara.

“Trem do retrocesso"
Para o líder do PSOL, deputado Chico Alencar (RJ), a proposta aprovada trata-se de um verdadeiro "trem do retrocesso". “Vai de encontro a tudo que acreditamos. A principal mudança (positiva) feita pelo Senado, o fim do financiamento empresarial de campanha, foi rejeitada. Também foi cassada a participação do PSOL e partidos pequenos nos debates eleitorais no rádio e televisão. É uma derrota da democracia”, concluiu Alencar.

Ainda fazendo analogia a um “trem fantasma”, o líder esmiuçou o que ele chamou de sombrias estações percorridas: “A do financiamento empresarial de partidos e candidatos (que o Senado tinha derrubado), apesar dos continuados escândalos de corrupção; a do falso ‘limite’ de gastos, fixado em 70% do que foi despendido por quem mais aplicou na eleição anterior (ou seja, no Rio, por exemplo, o ‘teto’ para candidatura a deputado federal cai de R$ 7 milhões para... R$ 4,5 milhões!); a da autorização bienal para o ‘troca-troca’ partidário, sem qualquer critério ideológico ou programático (como o ‘quem dá mais’ das ‘janelas de transferência’ do mercado do futebol); a da confirmação e ampliação dos cabos eleitorais pagos, instrumento da compra de votos; e a restrição à participação em debates, estabelecendo como condição um ilegal quantitativo de deputados já eleitos, visando amordaçar o PSOL - e também PV, PSTU, PCB, Rede e outros”.

Por fim, Chico Alencar ironiza, dizendo que “o ponto final desse percurso sem beleza e grandeza é a permanência do decadente modelo político-partidário-eleitoral, de ínfima credibilidade”.

Confira abaixo discurso do líder do PSOL, ao encaminhar o voto do partido sobre o financiamento empresarial de campanha.


 
 
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